quarta-feira, 23 de julho de 2008

Disparo contra os médicos


Plantão Médico - série de TV

Os jalecos brancos que os médicos tanto gostam de exibir pelas ruas da cidade não os protegem apenas da poeira - que aliás levam para dentro dos hospitais, clínicas e corpos dos doentes. Servem também para preservá-los das necessidades reais de seus pacientes.

Médicos tendem a acreditar que apenas eles têm compromissos que devem honrar e horários a cumprir, que aliás, bem poucos cumprem de fato.

Já ouvi dizer que certas profissões tem uma impáfia adquirida junto com o diploma. Jornalistas e advogados são os exemplos favoritos de profissional arrogante e que se sente acima do bem e do mal. Os médicos devem figurar nessa lista, encabeçar o ranking. Poucos são os que de fato respeitam os pacientes e lembram deles como pessoas e não como um número de convênio particular. Para esses, meus respeitos e não se sintam ofendidos com o post. Minha bronca não é com vocês.

Infelizmente, a maioria dos profissionais de medicina seleciona os pacientes pelo status que eles ocupam na cadeia da saúde. Aqueles atendidos pelo SUS recebem cinco minutos de consulta mal-humorada. Os pacientes de convênios particulares estão acima daqueles do sistema público, mas também são divididos por castas. Quem tem o convênio mais caro, recebe mais atenção.

Para ser justa, devo acrescentar que essa estratificação social dos pacientes através da conta bancária não é prerrogativa apenas dos médicos, que estão no topo da cadeia no atendimento hospitalar. Enfermeiras, que vêm logo abaixo, também costumam se comportar da mesma forma. Responsáveis, em boa parte dos casos, pela agenda dos médicos, principalmente no que diz respeito a marcação de cirurgias, as enfermeiras também carecem de aulas sobre direitos humanos, respeito, como tratar pacientes idosos e precisam ainda serem lembradas de que os pacientes, tanto quanto os médicos, têm uma vida para além dos muros do hospital.

Pacientes e acompanhantes trabalham, por isso, quando uma consulta está marcada para começar as 8h, precisa começar as 8h. Cirurgias marcadas precisam ser cumpridas. Médicos são seres humanos e não deuses, têm filhos para levar à escola, têm gripe, pneu furado, imprevistos como qualquer pessoa. Deviam lembrar que seus pacientes têm vidas privadas parecidas com as suas.

Minha pergunta é: por que o paciente pode esperar duas horas pelo médico e o profissional, por sua vez, não quer atender quem se atrasa 20 minutos para uma consulta? Por que o médico pode desmarcar cirurgia e bagunçar a agenda do paciente? E por último, por que os médicos esquecem que são pessoas cuidando de pessoas? Ainda não encontrei nenhum médico capaz de responder perguntas tão simples.

Talvez eles julguem que não precisam, afinal, boa parte dos cidadãos-pacientes vêem nos médicos, os avatares de personagens saidos de séries como ER - Plantão Médico. Para mim, se boa parte deles não tem a mesma perícia do Dr. House para diagnosticar doenças estranhas, pelo menos se assemelham ao médico da ficção no quesito desrespeito e indiferença aos pacientes.

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