Lendo um conto da minha novíssima paixão, Neil Gaiman, lembrei de uma reportagem que escrevi uns seis ou sete anos atrás. Infelizmente, o material não está digitalizado ainda, escrevi para um jornal impresso, mas vou aproveitar uma tarde morna qualquer e testar meu scanner, quando aprender onde é que liga. A matéria falava sobre o uso de animais em experimentos científicos e das crueldades que a humanidade comete em nome do progresso e do conhecimento. Visitei um laboratório, vi dezenas de ratinhos criados para uso acadêmico. Um deles me comoveu profundamente. Era cego, vermelho, enrugado e totalmente sem pêlos. Uma modificação genética no bicho, para testar tratamento contra a calvície, fez o animalzinho nascer muito mirrado, quase esquelético, e, totalmente pelado. A cientista chefe, na ocasião, gastou todo o seu vernáculo para me convencer de que o ratinho não sentia dor ou frio. A matéria foi inspirada no coitado do rato-orelha, lembram dele? Implantaram uma orelha humana nas costas de um camundongo para testar drogas contra a rejeição em transplantes. A pequena aberração apareceu em cadeia nacional, rendeu capa de revista, manchete de jornal e muita postagem na web. A cena do rato andando com uma orelha nas costas também me veio à cabeça quando li Bolinhos de Bebê. O conto é duro, é cru. Estômagos sensíveis, essa não é leitura recomendada, mas é com certeza necessária.
Olha aqui o rato-orelha, para quem não lembrava:
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