sábado, 15 de novembro de 2008

Matemática...

Cresci e enveredei pelas ciências humanas. Fiz jornalismo, vivo das palavras. Literatura é o ar que respiro. A filosofia sempre me ajuda a compreender para além dos limites ínfimos da visão. Dentro das páginas da História me sinto em casa... Mas que diabo ter de voltar a lidar com a tal da matemática!

- Pode corrigir o dever mamãe!

- Dever de quê?

- Matemática...

- Vixe filho, deixa eu ver... (traumas de infância são revividos: minha avó, na falta da palmatória, mantinha a régua do bolo ao lado da tabuada. Lembranças de finais de semana trancada no quarto, equações, triângulos isósceles, iso quem?)

- Mamãe, mamãeeeeeee!!! o dever...

(sobressalto, o passado fica no seu devido lugar, lá atrás. À minha frente, expectativa e muitas contas esquisitas.)

- O dever tá certo?

- Não faço a mínima idéia. A pouca matemática que enfiaram na minha cabeça, a custo de cascudos e riscos iminentes de nota vermelha, eu já esqueci toda. Não entendi nadinha desse dever. Se liga mais na aula e tira as dúvidas com a professora.

(um olhar crítico e avaliador, testa franzida por alguns minutos, um dar de ombros como quem diz, "pra me ensinar matemática já vi que ela não serve"...o tempo passa e eu desconfortável, me sentindo a mãe mais burra do mundo, uma ameba incapaz de fazer uma simples conta, já ensaio uma desculpa esfarrapada do tipo "sempre tirei nota boa em ciências humanas"...mas ele não me deixa falar, com a lógica infantil resolve equações muito mais profundas dentro da pequena alma...)

- Já sei o que podemos fazer, mamãe!

- Com a matemática?

- Não mamãe, com a gente mesmo... Vamos jogar Uno?

- Vamos...

2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional!
Alane.

nobicodourubu disse...

acho que aprendi com vc a fazer isto em algum momento de antes de vc nascer.