Mercado de Marrakesh
Atrás da palavra mágica promoção e das correlatas preço baixo, desconto e leve cinco e pague quatro, fui esbarrar na babel paulista, na sucursal mais assustadora e deliciosa do inferno, a rua 25 de março. Uma amiga chegou a compará-la ao Carnaval de Salvador, em termos de concentração de gente por metro quadrado, guardadas as devidas proporções.
O carnaval, porém, é o inferno em sí. Música ruim, gente suada, PM dando porrada em malandro, cheiro de urina em cada esquina, artistas sem noção mostrando as coxas encima de ensurdecedores trios elétricos (invenção que reúne sobre um caminhão as parafernálias que servem ao nada criativo ritmo do axé music), trânsito interditado e falta total e plena de opções de lazer para criaturas que como eu, abominam a famigerada festa popular.
Do ponto de vista de quem gosta de comprar, seja compulsivamente ou em doses homeopáticas, pechinchando, avaliando, garimpando, a rua oferece tudo o que se possa imaginar. De quinquilharias inúteis como o tal do massageador à pilha para as costas (juro que estive a ponto de matar um dos vendedores que a cada cinco metros apareciam oferecendo a porcaria do massageador), à bolsas, sapatos, roupas, brinquedos (item essencial), maquiagem, perfumes falsos e verdadeiros, meias, santos, bijouterias (aaaah, os anéis!!)...
Do ponto de vista de alguém que não gosta de multidão e já se sente mal se tem mais de cinco pessoas concentradas no mesmo espaço, me perguntei centenas de vezes o que eu, justo eu, que tanto me orgulho da minha paixão pela solidão e pelo silêncio, fui fazer na 25! Gastar dinheiro, seria a resposta número um, sem dúvida, e saciar a curiosidade mórbida que leva um ser humano aparentemente normal a testar seus limites de tolerância se jogando em situações que seu lado racional, aquele que geralmente guarda nossas manias e resistências, condena peremptoriamente.
Se disser que gostei de caminhar pelo meio da multidão me sentindo figurante de um filme gravado em Marrakesh ou num mercado persa perdido no tempo, minto descaradamente. Eu odiei cada minuto passado naquela rua e não pretendo repetir a experiência de voltar lá agora que saciei a minha curiosidade.
Mas, se disser que não gostei de ver tanto colorido, tanta vida frenética, pessoas apressadas, com o tempo contado entre comprar e embarcar, arrastando malas e sacolas tamanho família de loja em loja, de banca em banca, estarei mentindo igualmente. Em termos de diversidade de produtos, a rua 25 de março é um deleite. E fiz compras, não vou dizer que estava lá como observadora, porque não estava, uma vez que me meti no meio da multidão, fiz valer meu ingresso e comprei tudo o que imaginei estar precisando na ocasião.
Sem dúvida, a visita rende mais que um post, um tratado antropológico tanto sobre os vendedores e suas histórias, quanto uma análise do consumismo moderno levado às últimas conseqüências.
Atrás da palavra mágica promoção e das correlatas preço baixo, desconto e leve cinco e pague quatro, fui esbarrar na babel paulista, na sucursal mais assustadora e deliciosa do inferno, a rua 25 de março. Uma amiga chegou a compará-la ao Carnaval de Salvador, em termos de concentração de gente por metro quadrado, guardadas as devidas proporções.
O carnaval, porém, é o inferno em sí. Música ruim, gente suada, PM dando porrada em malandro, cheiro de urina em cada esquina, artistas sem noção mostrando as coxas encima de ensurdecedores trios elétricos (invenção que reúne sobre um caminhão as parafernálias que servem ao nada criativo ritmo do axé music), trânsito interditado e falta total e plena de opções de lazer para criaturas que como eu, abominam a famigerada festa popular.
Do ponto de vista de quem gosta de comprar, seja compulsivamente ou em doses homeopáticas, pechinchando, avaliando, garimpando, a rua oferece tudo o que se possa imaginar. De quinquilharias inúteis como o tal do massageador à pilha para as costas (juro que estive a ponto de matar um dos vendedores que a cada cinco metros apareciam oferecendo a porcaria do massageador), à bolsas, sapatos, roupas, brinquedos (item essencial), maquiagem, perfumes falsos e verdadeiros, meias, santos, bijouterias (aaaah, os anéis!!)...
Do ponto de vista de alguém que não gosta de multidão e já se sente mal se tem mais de cinco pessoas concentradas no mesmo espaço, me perguntei centenas de vezes o que eu, justo eu, que tanto me orgulho da minha paixão pela solidão e pelo silêncio, fui fazer na 25! Gastar dinheiro, seria a resposta número um, sem dúvida, e saciar a curiosidade mórbida que leva um ser humano aparentemente normal a testar seus limites de tolerância se jogando em situações que seu lado racional, aquele que geralmente guarda nossas manias e resistências, condena peremptoriamente.
Se disser que gostei de caminhar pelo meio da multidão me sentindo figurante de um filme gravado em Marrakesh ou num mercado persa perdido no tempo, minto descaradamente. Eu odiei cada minuto passado naquela rua e não pretendo repetir a experiência de voltar lá agora que saciei a minha curiosidade.
Mas, se disser que não gostei de ver tanto colorido, tanta vida frenética, pessoas apressadas, com o tempo contado entre comprar e embarcar, arrastando malas e sacolas tamanho família de loja em loja, de banca em banca, estarei mentindo igualmente. Em termos de diversidade de produtos, a rua 25 de março é um deleite. E fiz compras, não vou dizer que estava lá como observadora, porque não estava, uma vez que me meti no meio da multidão, fiz valer meu ingresso e comprei tudo o que imaginei estar precisando na ocasião.
Sem dúvida, a visita rende mais que um post, um tratado antropológico tanto sobre os vendedores e suas histórias, quanto uma análise do consumismo moderno levado às últimas conseqüências.
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