terça-feira, 23 de setembro de 2008

Em busca do estágio zen perdido

Um taxista hoje me deu lições de meditação. "A senhora está vendo isso? (referindo-se ao motorista de um Uno Mille que fez uma ultrapassagem perigosa) - Eu não me abalo mais com esse tipo de coisa. O trânsito de Salvador está cada dia mais selvagem. Então, eu agora fecho meus vidros, ligo o ar condicionado, boto um sonzinho discreto no CD (ele estava ouvindo bossa-nova) e me concentro na direção, para evitar acidentes, mas sem ficar estressado, sem xingar, sem aumentar a pressão (arterial) por causa de condutores irresponsáveis. Desde que aprendi a meditar, eu vejo a vida de outra forma".

O discurso dele me lembrou um trecho de Deuses Americanos, o livro de Neil Gaiman que estou lendo.

"Se não fôssemos ilhas, estaríamos perdidos, afogados nas tragédias dos outros. Nós nos isolamos (uma palavra que significa, literalmente, lembre-se: ser transformado em ilha) da tragédia dos outros por nossa natureza de ilha".

O taxista encontrou seu pedacinho de paraíso em meio ao caos do cotidiano. Como precisa viver do trânsito, descobriu na meditação a fórmula que vai garantir que o trânsito não o mate, nem de acidente, nem de infarto do miocárdio. Boa lição, vou tentar lembrar dessa e me distanciar um pouco da tempestade. Encontrar minha ilha interior e fincar âncoras por lá.

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