domingo, 2 de novembro de 2008

No buzú I - Aperta que dá

Da série, universo ao meu redor

"Não abra mais a porta motô, aqui não cabe mais ninguém". Lata de sardinha, lata de gente, Luis Anselmo/Pituba, sucursal do inferno em forma de ônibus. Uma cena que pensei ter ficado para trás, na adolescência, na época do famigerado Itinga/Pituba, meados dos anos 90, retorna para assombrar os tempos modernos: gente pendurada na porta, equilibrio precário, a qualquer hora um despenca, lá se vai o motorista responder processo e as assistentes sociais da empresa de transportes engabelar a família que perdeu o parente.

"Aperta que dá minha gente, vamo passando aí..." - o cobrador estimula. "Só se um viajar na cabeça do outro, não tá vendo que não cabe", responde a passageira indignada. "Quando subir a ladeira da cruz da redenção melhora pessoal, vamo colaborar", continua o cobrador.

Certas histórias são cíclicas em Salvador, essa do ônibus lotado é uma delas.

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