sábado, 21 de fevereiro de 2009

Tambores da minha liberdade

A segunda madrugada momesca avança e os sinais da minha impaciência para a festa terminar são nítidos. As piadas tornam-se mais ácidas, a ironia, o último recurso de sobrevivência da inteligência agredida por letras como "rala a checa no chão?!"

Os desfiles atrasam, a vistoria dos trios acontece na última hora e a ordem de entrada nas passarelas carnavalescas é alterada. Olho para o relógio, isso não vai dar certo, murmuro desconfiada. E não dá mesmo, bloco entrando na avenida com sete horas de atraso?! Significa que minha madrugada vai virar manhã.

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A noção de tempo de alguém que troca os dias pela noite muda radicalmente. Você toma o café da manhã na hora do lanche da meia-noite. Vai dormir na hora de acordar. Acorda e cai direto, de boca, garfo e faca, no prato do almoço e lá para o meio da tarde, que sono terrível. Meia horinha de cochilo para enfrentar outra madrugada.

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A segunda noite do Carnaval teve Timbalada, Olodum e Cortejo Afro. Belo desfile desse último, mas saiu às 23h30, sem público, só com as imagens da TV estatal. Uma pena, os tambores do cortejo anunciavam liberdade, a minha. Outra olhada para o relógio, faltam pouco menos de cinco horas para encerrar minha transmissão.

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