terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Voltei a ler Haroun

Tinha decidido por uma visão do Oriente Médio que fosse menos agressiva, menos dolorida que a guerra na Faixa de Gaza e então busquei na prateleira, Haroun, de Salman Rushdie (O chão que ela pisa, os versos satânicos, o último suspiro do mouro). No entanto, quis o deus dos destinos literários, aquele que controla o que vai nos cair nas mãos para ler e em que momento, que eu refletisse mais sobre a guerra, refugiados sociais, medo, violência e a sociedade onde eu vivo. Fazer o quê? É igual ao óleo de fígado de bacalhau que meu avô fazia os filhos beberem todo dia de manhã: "limpa o sangue". Nesse caso, certas leituras limpam as idéias...

Mas Haroun, o pequeno e relegado Haroun assobiou ali do canto da prateleira, acenou suas páginas e me reconduziu à ilha da fantasia. E quem diz que contos de fadas não fazem pensar, ou nunca leu um conto de fadas ou anda lendo os livros errados. Uma pequena pílula para vocês, uma frase extraída de Haroun, página 39, capítulo dois - O Expresso Postal: "a qualquer momento vou sumir, feito uma palavra que alguém apaga numa lousa. Uma passada de apagador e lá vou eu, desapareço para todo o sempre". Se não existe beleza e reflexão em algo assim tão singelo e tão profundo, então sou eu quem anda lendo os livros errados.

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