terça-feira, 26 de agosto de 2008

A boa educação

Sim. É trocadilho com o título do filme de Pedro Almodóvar. Não. O filme do diretor espanhol não tem relação direta com o tema da postagem. Achei o título apropriado, só isso. Boa educação é o que os pais sonham para seus filhos. É o que eu sonho para o meu. Outro dia estava discutindo com um amigo. Discutindo no bom sentido, trocando idéias. E ele me disse que a sabedoria é uma maldição e a ignorância uma benção. Eu respondi que, apesar da dor provocada pela sabedoria, eu preferia sangrar até morrer, mas queria saber, sempre, cada vez mais. Lembrei da discussão com esse amigo porque estava, dia desses em que chego do trabalho e tenho de corrigir o dever de casa do meu filho, passando o maior sermão no garoto, explicando porque é importante estudar ciências sociais, porque é necessário não apenas ler um texto, mas compreender o sentido do que foi lido. E peguei pesado. Mães nervosas sempre pegam pesado. Principalmente quando o assunto é dever de casa e nota boa no boletim. Ainda não tive queixas do boletim do meu filho. Justiça seja feita, o garoto vai bem na escola. Mas, às vezes derrapa. Por preferir ciências exatas, relega a História e sua importância "histórica" ao segundo plano. Sou apaixonada por história e não consigo entender, aceitar, que alguém como o meu amigo em crise deseje a ignorância. Depois do sermão, fiquei pensando em uma coisa que a minha irmã resmungou. Ela disse entre dentres, meio que dando opinião e meio que não querendo se meter no sermão de mãe para filho, que estudar tanto agora, pensando no vestibular que ainda vai demorar alguns anos para chegar, é loucura. Na verdade, não é no vestibular que eu penso, porque queira Deus isso nem exista mais daqui alguns anos. Penso é na cidadania, na importância do saber para a formação do cidadão consciente, tanto na hora de votar quanto na hora de preservar o que resta do planeta. Penso no cidadão que entende o seu passado, aprende com os erros das gerações anteriores a sua e que não repete as mesmas cabeçadas. Penso na geração do século XXI, ao qual meu filho pertence, e no seu excesso de tecnologia e falta de humanidade. Nota azul no boletim, vestibular, nível superior são o sonho de consumo de toda mãe - atire a primeira pedra aquela que não deseja um filho bem-sucedido, beirando a genialidade. Mas é a consciência, a capacidade de pensar criticamente e, principalmente, a estrutura emocional para aprender sem temer que o conhecimento machuque, é que chamo de boa educação.

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