Sinto falta do cheiro de caramelo do meu filho quando era bebê. Ele realmente tinha um cheiro doce que nenhum sabonete, shampoo ou colônia infantil conseguem trazer de volta, por mais que eu me esforce em imitar. Ele ainda cheira assim, mistura de açúcar queimado - meio amarelo, meio marrom, quando já dissolveu, mas ainda não amargou - com leite fresco. Bombom de caramelo, literalmente. Mas lentamente, por baixo do cheirinho de bebê, vão surgindo outras fragrâncias que para mim cheiram esquisitas. Cheiro de adulto? Macho jovem? No meu filho!!!!? Aaaaah não, parem o tempo, rebobinem a fita, recuem os ponteiros do relógio e façam os anos voltarem para trás. Encolheram tanto a infância, que na escola, aos dez anos, ele já estuda a puberdade e seus efeitos. Ainda brinca de carrinho, persegue dragões, duela com cavaleiros do zodíaco, deseja que fadas existam, mas o cheiro de gente grande está ali, sorrateiramente se insinua dia após dia, invade um espaço que era de colo e aconchego. As meninas da classe já perceberam. Riem e cochicham quando ele passa. Implicam, fingem que não ligam para as brincadeiras dele (deles, há muitos outros na turma que vivem as mesmas mudanças). A indiferença delas é fingida, porque também estão deixando a infância para trás. Mas tão rápido? E o que é que eu faço com um adolescente? Como lidar com a imagem de alguém que já tem buço ( - é penugem mamãe!) na cara? Cadê a criaturinha cacheada que batia nos meus joelhos outro dia? É por isso que as mães nunca deixam de chamar seus meninos de "meu bebê". É que eles crescem tão depressa que fica sempre a saudade profunda daquele cheiro de caramelo.
P.S.: Li outro dia o post de um amigo, pai de adolescente. Engraçado como pais e mães tingem o crescer dos filhos com cores tão diversas.
Um comentário:
é que as mães, felizmente - para elas e para os filhotes - mantém o cheiro de caramelo vivo nas sensíveis narinas da lembrança mesmo quando os filhos se transformam em marmanjos que não percebem mais quão belos são pores de sol, nasceres de lua... que jogos infantis continuam sendo jogos infantis e mudam a forma de amar até chegar ao ponto de se envergonharem do beijo da mãe que mesmo refutada, beijam-nos mesmo que seja em sonho. vai ver que é por isso.
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