quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Explicando o post abaixo

Israel até 1948 não era uma nação, os judeus não tinham pátria, uma das determinações do armistício assinado no fim da Segunda Guerra mundial era justamente dar a esse povo tão perseguido pelo nazismo, massacrado pelo holocausto, uma pátria. Pois bem, parece que Israel esqueceu o passado nem tão remoto assim e de povo perseguido por um dos regimes mais cruéis e opressores da história, passou a perseguidor dos palestinos na Faixa de Gaza, território que os judeus reivindicam como parte do seu Estado e que os muçulmanos também reivindicam porque já viviam lá.

Historicamente, judeus e muçulmanos brigam há milênios por questões religiosas, financeiras (desde os tempos das caravanas), por racismo. São povos que não se suportam, cujas culturas são diferentes em diversos sentidos e que não conseguem conviver juntos, mas, que a criação do Estado de Israel colocou lado a lado.

O Hamaz é o partido palestino, foi eleito legitimamente, mas pega em armas, para mim, quem pega em armas corre sério risco de perder a legitimidade. Embora o blog se chame Bala no Alvo, é mera provocação de uma pacifista que prefere disparar palavras. Não compactuo com nenhuma forma de violência. Sei que ao longo da história, diversas revoluções foram ditas necessárias, que muitas vezes, luta armada é uma forma de defesa contra a opressão. Ouço o argumento, entendo que haja quem defenda essa ponto de vista, sempre defendo o direito de expressão - "posso odiar aquela sua camisa verde, mas defendo até a morte seu direito de vesti-la", mas não acredito na violência, embora saiba que o ser humano é bicho, que se não usássemos roupas e ainda morássemos em cavernas, que a lei do mais forte continuaria prevalecendo.

Ainda assim, prefiro acreditar que a razão que nos deram deve predominar, não acredito que conflito armado seja solução para nada. Posso ser ingênua, mas ainda aposto no poder de argumentação, no diálogo, na diplomacia, desde que se esvazie corações e mentes de interesses particulares e se pense no bem do coletivo, mas o coletivo mesmo, global, e não apenas no bem estar de um povo em detrimento de outro, daí ter citado outros grupos armados no post anterior, porque para mim, não existem mocinhos ou bandidos, existem homens armados, crianças armadas, lutando apenas por aquilo que um determinado grupo julga certo e por aquilo que um grupo tenta impor ao outro como certo. A história da humanidade se resume a imposições de ponto de vista, em diversos casos, através do uso da força.

Vi hoje um video da AFP, mostrando que crianças de Israel e também as palestinas brincam de colecionar destroços e estilhaços de foguetes. A que ponto o ser humano chegou, não bastasse toda a baboseira de brinquedos de guerra vendidos nos shoppings, crianças que vivem em zonas de conflito colecionam pedaços de destruição.

Quanto aos EUA, ele arma Israel e arma o Hamaz, da mesma forma que armava o Iraque e depois invadiu o mesmo Iraque, da mesma forma que deu força a Saddam e depois executou o mesmo Saddam, da mesma forma que armou Bin Laden e agora o caça. O interesse é mercantilista, beneficiar a indústria de armamento bélico americano e garantir suprimento de petróleo.

Sobre as crianças, é simples, me comove ver uma criança morrer a bala, porque significa matar a potencialidade humana na raiz. É impedir que a semente cresça e se torne algo melhor do que isso que está aí. Eu tento me colocar na pele das mães de Gaza, que perdem seu filhos para Israel, e na das mães de Israel, que os perdem para o Hamaz.

Por isso não existem mocinhos ou vilões, existe insanidade, barbárie que o ser humano deveria ter superado desde o fim da idade média, quando supostamente, manuscritos dos mosteiros abertos e acessíveis, entramos na idade da razão. Me comovo com a morte de idosos, mulheres, homens, animais de estimação, florestas, insetos, qualquer criatura inocente, mas uma criança é o que temos de esperança e quando crianças morrem, a esperança morre com elas.

2 comentários:

turbina de ideias disse...

Muito bem, Andreia. Sei que você não é guerrilheira, e respeito sua índole pacifista e maternal, mas penso que qualquer povo que se sinta ameaçado pode recorrer ao legítimo direito de pegar em armas para se defender, especialmente quando estão lidando com países beligerantes. Abraços.

Andreia Santana disse...

Também respeito a sua disposição "guerrilheira" meu querido amigo. Grande beijo.