Da série, a quem interessar possa...
Fiz uma resenha de um texto acadêmico para uma das disciplinas da Pós. Já que a convergência é o tema da moda, meus rabiscos podem ser úteis para algum jornalista perdido. Acreditem, eu também ainda estou tateando o caminho.
Resenha - Convergência de mídias: metodologias de pesquisa e delineamento do campo brasileiro; Profª Drª Elizabeth Saad Corrêa
Neste documento, apresentado durante o Seminário do Acordo de Cooperação Brasil-Espanha, em dezembro de 2007, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba), a autora propõe a adoção de uma metodologia de pesquisa para o desenvolvimento de trabalhos científicos tendo como tema a convergência, que ela considera, por sua vez, um sub-tema do vasto campo de estudos das Ciências da Comunicação.
Na medida em que discorre sobre a adoção de um modelo epistemológico que dê mais coesão aos diversos estudos da área, a professora e doutora Elizabeth Saad Corrêa revisa as principais teorias sobre convergência ora em curso. Também apresenta conceitos tomados como parâmetro para análise das realidades das redações que convergiram 100%; iniciaram o processo recentemente; malograram na adoção da convergência como diretriz, ou ainda; que se mantêm alienadas da chamada nova ordem da prática diária do jornalismo, optando por não convergir.
Um dos aspectos mais importantes do trabalho é a ênfase da especialista na “necessidade de redobrarem-se os cuidados na abordagem de um método científico de estudo e tratamento temático”, tanto no que diz respeito à delimitação da área de estudos, quanto no que confere evitar o uso de fórmulas prontas para um campo de pesquisa ainda em fase de demarcação.
A autora lembra que o termo convergência é usado desde aspectos tecnológicos até no que diz respeito à estrutura organizacional, diferentes níveis de processo de produção de conteúdos, modelos de negócios etc. Faz-se necessário estabelecer de que convergência se está falando e em que nível.
Para efeito de criação de uma metodologia tendo em vista o estudo da convergência midiática no meio jornalístico, a opção é “pela aplicação do termo nos ambientes midiáticos”. Uma vez estabelecida de que convergência se fala, surge o desafio de correlacionar os diversos aspectos que interagem e integram a convergência nas redações (desde a integração do espaço físico, passando pela produção e distribuição multiplataforma, até a capacitação dos profissionais envolvidos).
“Todos os aspectos correlatos à convergência brevemente listados apontam para a necessidade, em termos metodológicos, de construção de modelos de convergência que incluam variáveis de ordem tecnológica, estratégica, organizacional, comunicacional e narrativa.”
Para abarcar toda a multiplicidade do cenário, ou cenários, que possibilitam o desenvolvimento das redações convergentes, Elizabeth Saad Corrêa propõe, se necessário, um redesenho das teorias da comunicação, destacando-as de suas origens tradicionais de forma a possibilitar que contemplem tanto a evolução tecnológica quanto as conseqüências para as relações sociais.
A interatividade da audiência, personalização e customização dos conteúdos, seja nos meios jornalísticos ou não, configuram-se em outro recorte especíifico de estudo, um sub-produto da convergência ou determinante da sua existência? Descobrir a resposta para tal indagação é um dos desafios para estudiosos da área, propõe.
Estudos de caso, comparações, benchmarking, tendo em vista as incontáveis experiências de convergência já feitas na Europa, seriam alternativas viáveis, dentro do método de pesquisa proposto pela autora, para análise da evolução do processo de integração e convergência midiática no Brasil.
Na proposta da criação de uma metodologia de pesquisa para o estudo da convergência, não falta à autora preocupação com as questões práticas do processo, tanto no que confere a adaptação dos profissionais aos novos métodos de produção, quanto com relação à sustentabilidade, em longo prazo, dos modelos adotados nas empresas do Brasil ou no exterior.
Devido à sua formação também em administração de empresas, Elizabeth Saad Corrêa entende que a convergência configura-se antes de mais nada em um novo modelo de negócios cujo maior foco de resistência, muitas vezes, está além da redação, plantado nos modelos de gestão herdados da cultura de empresas familiares que detém o controle de determinada ou determinadas mídias.
Por fim, a autora propõe uma estrutura de estudo, em quatro fases, cujas duas principais e mais diretamente ligadas à prática diária do jornalismo são: a avaliação da empresa e seu posicionamento estratégico no mercado, levando em conta principalmente os modelos de gestão adotados; e, a contextualização dessa organização (empresa) no cenário da convergência.
“Quanto mais próxima da integração total uma empresa informativa estiver posicionada no espectro, maior o envolvimento de outras áreas organizacionais no processo de convergência, e maior a sua sustentabilidade e perspectivas futuras”.
Andreia Santana
Resumo apresentado para a disciplina Convergência Midiática aplicada ao Jornalismo
Pós Graduação em Jornalismo e Convergência Midiática
Faculdade Social da Bahia
Outubro de 2008
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